quarta-feira, 23 de julho de 2008

Dr.Sérgio de Paula Ramos



Financiamento para donos de bares- por: Sérgio de Paula Ramos*
Dados preliminares dos últimos dias nos dão ciência de que, com a implementação da nova lei normatizadora que tenta erradicar bebidas alcoólicas dos volantes dos veículos, houve uma redução de 40% nos atendimentos dos serviços de emergência e 50% no número de mortes no trânsito, nos Estados que realmente estão fiscalizando a implementação desta lei. Em termos de saúde pública, um resultado absolutamente espetacular cujo impacto não encontra similar nos últimos 20 anos. Nada do que foi feito, nada mesmo, em saúde pública produziu um efeito tão grande e tão imediato. Aliás, como postulava a Abead já há 15 anos.Mais do que isso, o Sindicato dos Bares, Restaurantes e Estabelecimentos Similares informa que o consumo de bebidas alcoólicas caiu 30%. Conseqüentemente cairá 30% toda a violência do país. Cairão os homicídios, suicídios e agressões domésticas contra mulheres, crianças e adolescentes. Igualmente cairão os abusos sexuais contra jovens.Apenas em acidentes de trânsito evitados, neste ano, o Estado brasileiro poupará cerca de R$ 12 bilhões. Muito dinheiro.Sem surpresa nenhuma, leio nos jornais que o supra-aludido sindicato está informando que seus filiados estão no prejuízo e prevê, como sempre nestas ocasiões, quebradeira geral e desemprego. Fizeram o mesmo quando da proibição da propaganda de tabaco, lembram?No entanto, se é justo reconhecer que, sim, estão no prejuízo, não é menos justo admitir que nós, cidadãos brasileiros, nós, contribuintes, estamos no lucro. Um lucro em vidas e um lucro em dinheiro mesmo. É tão expressivo o que o Estado poupará que a Abead vem a público sugerir que o Banco do Brasil abra uma linha de financiamento para ajudar comerciantes do ramo de bebidas que queiram mudar de setor de atuação.A idéia não é nova. A Organização Mundial de Saúde (OMS) propôs o mesmo para agricultores que quisessem deixar de plantar tabaco e optassem por mudança de lavoura e, de fato, é mister que nos perguntemos se necessitamos, no Brasil, de tantos bares. Também, mais cedo ou mais tarde, teremos que nos perguntar se precisamos de bares 24 horas.Ou seja, saudamos a redução de consumo de bebidas alcoólicas, saudamos os ganhos da nação e oferecemos uma sugestão para os comerciantes em dificuldade. Afinal, com mais quitandas e menos bares, daremos um país melhor para nossos filhos.*Psiquiatra e psicanalista, conselheiro da Associação Brasileira de Estudos sobre Álcool e outras Drogas (Abead)

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