sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

SOCIEDADE OMISSA - Heitor Monteiro Lima

SOCIEDADE OMISSA

Escrito em 20/01/2002
Autor: Heitor Monteiro Lima
E-mail hmll@via-rs.net

Diz a lenda, que a avestruz, quando perseguido, enfia a cabeça num buraco deixando o resto do corpo exposto. Nossa Sociedade adota atitude idêntica quando se trata do controle da natalidade. Em defesa de sua posição, afirma que os dados do IBGE mostram que o crescimento populacional está declinando em nosso País.

Trata-se de grande falácia, pois aquele Instituto não faz pesquisas estratificadas por classe social. Foi essa a resposta recebida a um “e-mail” a eles enviado sobre este assunto. Os dois últimos Censos Nacionais mostram que nosso crescimento populacional não chega a três pontos percentuais. Na verdade, ocorre que esse crescimento populacional nas classes sociais menos favorecidas é ainda deveras assustador. A mídia ao divulgar catástrofes, tais como enchentes, secas ou outras tragédias, focaliza as famílias atingidas, sempre as mais pobres, que habitam barracos miseráveis e, na sua maioria, tendo mais de oito filhos.
A revista Veja, edição 1735, de 23/01/2002, em seu artigo “Miséria o grande desafio do Brasil”, menciona: – “Há 30 milhões de pessoas vivendo com extrema dificuldade, com renda mensal per capita inferior a 80 reais”.
Cabe perguntar à Sociedade, o que ela poderá fazer para que esses pobres excluídos possam ter esperança de uma vida futura com melhores perspectivas e qualidade. Terá ela (sociedade) capacidade de suportar mais tributos, suficiente para que o governo possa proporcionar saúde, educação, segurança e ainda direcionar recursos para investimentos que venham a gerar empregos para que essa massa de excluídos, tenha adequada condições de sobrevivência, crie sua prole e ainda usufrua uma razoável qualidade de vida?
Não havendo resposta, é de se esperar que a maioria desses desamparados e despreparados, sem acesso à educação e conseqüentemente sem outras perspectivas, encontre na criminalidade, no tráfico de drogas, nos roubos e nos assaltos, o seu meio de subsistência. E para se iniciarem nesse caminho basta à vontade e um canivete à mão.

Conviver com a criminalidade é parte do nosso dia a dia e somos coniventes com isso, pois conhecemos a causa e procedemos como o avestruz da lenda, sem coragem para atacar o problema na sua verdadeira raiz. Preferimos viver como animais cativos, isolados em nossas casas, cercados de grades ou tecnologia protetoras, declinando da convivência social e do ir e vir sem medo. Optamos por nosso estresse diário ante os assaltos, alguns fatais, os seqüestros relâmpagos e/ou alguma bala perdida.

Sérgio da Costa Franco (colunista), em seu excelente artigo na Zero Hora de 20/01/02, menciona: - ”Causa-nos alarme que nenhum partido político inclua em seu programa ou submeta ao debate público a questão do controle da natalidade”.

Porque o fariam, se foram eles mesmos que aprovaram o voto do analfabeto, para manobrar essa massa de desinformados, com as suas tiradas demagógicas, em busca de sucessos eleitorais? Em suas pregações investem contra a má distribuição de renda no País, esquecendo-se - ou omitindo - que ela é o resultado da equação cujo numerador é a renda nacional e o denominador a sua população, ou seja: a renda total dividida pelo número de habitantes. Ora, se a população cresce mais do que a renda é impossível melhorar a sua distribuição.

O governo, por sua vez, não tem demonstrado possuir vontade política firme para resolver essa situação. Resta à Sociedade “desenterrar a cabeça” e lutar por melhores condições de vida para os excluídos e para si própria. É extremamente urgente e necessário que se adote um projeto sério de planejamento familiar, com efetivo controle da natalidade por todos os meios disponíveis, com o apoio do governo, das ONGS e da população esclarecida. Urge evitar que as gerações futuras venham a se defrontar com uma situação catastrófica e irreversível.


quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Jornalista Wanderley Soares/25/12/08


A banalização do crime tem levado pessoas e empresas a considerarem normal a ação da bandidagem e manifestam, apenas, indignação proporcional e passageira no entorno das perdas sofridas. Os bancos, é possível notar, quanto mais assaltos sofrem menos importância dão ao complexo de segurança nas agências menores. O cidadãos assaltados nas ruas chegam a sorrir pelo fato de terem passado pela experiência e continuarem vivos. Essa cultura é absolutamente nociva para a sociedade e me lembra a idéia de pessoas que pensam que as pulgas fazem parte do cachorro. O cidadão deve manter seu inconformismo, cuidando-se, é verdade, mas exigindo nada menos do o máximo do poder público.
Publicado no Jornal O Sul de 25/12/08

sábado, 20 de dezembro de 2008

Votos de Boas Festas


Cortar o tempo

Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,a que se deu o nome de ano,foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.

Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente
Carlos Drummond de Andrade

Votos de Boas Festas
CorinaBreton
Presidente do ICV

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Maioridade penal

Na condição de presidente do ICV, participei de um debate sobre maioridade penal, na Rádio Guaiba, mediado pelo Jorn. Jurandir Soares. Compuseram a mesa, o ex- presidente do Tribunal de Justiça, o Promotor da Infância e da Adolescência e o Secretário de Estado sr. Fernando Schüller.

França estuda adotar a idade penal de 12 anos Um relatório realizado por um comitê de especialistas, entregue nesta quarta-feira à ministra francesa da Justiça, Rachida Dati, defende a aplicação de penas de prisão a partir dos 12 anos de idade na França para adolescentes que cometerem crimes. O governo francês quer reforçar a lei sobre menores infratores e solicitou a uma comissão composta por 32 membros, entre juízes, policiais, advogados, políticos e educadores, que refletissem sobre a reforma da legislação atual, que data de 1945 e privilegia medidas sócio-educativas em vez de sanções penais. "A prisão a partir dos 12 anos de idade corresponde a uma medida de bom senso. Um menor precisa de autoridade. Isso representaria uma inovação importante para o direito francês e deve ser examinado minuciosamente", afirmou a ministra após receber o documento. "A lei atual, da época do pós-guerra, não está mais adaptada à realidade social dos dias de hoje", afirmou Rachida Dati, que disse que existem 200 mil menores delinqüentes na França. Atualmente, cabe a cada juiz, segundo critérios subjetivos de avaliação, decidir se um menor pode ser penalmente responsável, ou seja, possa ser declarado culpado por um delito. Mas a legislação francesa já permite a aplicação de penas, inclusive de prisão, a partir dos 13 anos de idade.