terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Artigo atribuído ao Dr. Miguel Reale Júnior

É interessante pensar no que está escrito.Violência pura. Artigo atribuído ao Prof. MIGUEL REALE JÚNIOR sobre o "BBB".


Programas como Big Brother indicam a completa perda do pudor, ausência de noção do que cabe permanecer entre quatro paredes. Desfazer-se a diferença entre o que deve ser exibido e o que deve ser ocultado. Assim, expõe-se ao grande público a realidade íntima das pessoas por meios virtuais, com absoluto desvelamento das zonas de exclusividade. A privacidade passa a ser vivida no espaço público.
O Big Brother Brasil, a Baixaria Brega do Brasil, faz de todos os telespectadores voyeurs de cenas protagonizadas na realidade de uma casa ocupada por pessoas que expõem publicamente suas zonas de vida mais íntima, em busca de dinheiro e sucesso. Tentei acompanhar o programa. Suportei apenas dez minutos: o suficiente para notar que estes violadores da própria privacidade falam em péssimo português obviedades com pretenso ar pascaliano, com jeito ansioso de serem engraçadamente profundos.
Mas o público concede elevadas audiências de 35 pontos e aciona, mediante pagamento da ligação, 18 milhões de telefonemas para participar do chamado "paredão", quando um dos protagonistas há de ser eliminado. Por sites da internet se pode saber do dia-a-dia desse reino do despudor e do mau gosto. As moças ensinam a dança do bumbum para cima. As festas abrem espaço para a sacanagem geral. Uma das moças no baile funk bebe sem parar. Embriagada, levanta a blusa, a mostrar os seios. Depois, no banheiro, se põe a fazer depilação. Uma das participantes acorda com sangue nos lençóis, a revelar ter tido menstruação durante a noite. Outra convivente resiste a uma conquista, mas depois de assediada cede ao cerco com cinematográfico beijo no insistente conquistador que em seguida ridiculamente chora por ter traído a namorada à vista de todo o Brasil. A moça assediada, no entanto, diz que o beijo superou as expectativas. É possível conjunto mais significativo de vulgaridade chocante?
Instala-se o império do mau gosto. O programa gera a perda do respeito de si mesmo por parte dos protagonistas, prometendo-lhes sucesso ao custo da violação consentida da intimidade. Mas o pior: estimula o telespectador a se divertir com a baixeza e a intimidade alheia. O Big Brother explora os maus instintos ao promover o exemplo de bebedeiras, de erotismo tosco e ilimitado, de burrice continuada, num festival de elevada deselegância.
O gosto do mal e mau gosto são igualmente sinais dos tempos, caracterizados pela decomposição dos valores da pessoa humana, portadora de dignidade só realizável de fixados limites intransponíveis de respeito a si própria e ao próximo, de preservação da privacidade e de vivência da solidariedade na comunhão social. O grande desafio de hoje é de ordem ética: construir uma vida em que o outro não valha apenas por satisfazer necessidades sensíveis.
Proletários do espírito, uni-vos, para se libertarem dos grilhões da mundialização, que plastifica as consciências.

Miguel Reale Júnior, advogado, professor titular da Faculdade de Direito da USP, membro da Academia Paulista de Letras.
O Estado de São Paulo, 02 de fevereiro de 2008.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Reportagem ZH



ZERO HORA
MOBILIZAÇÃO NO BAIRRO
Chega de violência? Chega!
- Enviado por Eny Toschi, moradora do bairro e conselheira de políticas estratégicas do Instituto Chega de Violência
“O nosso objetivo não é prender, é prevenir o assalto; intervir antes da ação do meliante”. “É necessário fazer algo! Precisamos tomar medidas de proteção específica para a redução de fatores de risco individuais e controle de danos”.Tais frases, pronunciadas por pessoas que já foram assaltadas ou viram transeuntes ser ameaçados, impotentes ante o impacto da violência, nos fazem questionar: a população pode intervir? Qual é a intervenção possível?O Instituto Chega de Violência (ICV), associação civil de direito privado sem fins econômicos e lucrativos, aceitou o desafio de assumir ações de mobilização contínua para atender o grito uníssono: Chega!As medidas de prevenção da violência e as medidas punitivas eram, até pouco, vistas como abordagens exclusivas e incompatíveis. A convivência social exige adotar medidas de prevenção nas comunidades e medidas punitivas para a redução da violência. Promover os direitos civis e humanos fundamentais faz parte do desenvolvimento de formas democráticas e pacíficas de coexistência social.O que significa que medidas estruturais, para redução da desigualdade social, e medidas específicas, para a redução de fatores de risco e promoção da paz, devem estar associadas a medidas que visem a reduzir a impunidade, melhorar as condições de cumprimento das penas, e garantir acesso igualitário à Justiça.Um dos projetos, o projeto-piloto Prevenção de Assaltos de Rua, do Instituto Chega, em fase de planejamento, tem como foco a prevenção como resultado. Para tal, conta com o apoio da Sub-Secretaria do Ministério Público, da Secretaria de Segurança, da prefeitura municipal, entre outros órgãos.Sabemos que fatores culturais e individuais, tais como atitudes, comportamentos e normas, padrões de relação familiar e de gênero, uso de drogas e álcool, entre outros, atuam como incentivo à violência?Estamos mobilizados na comunidade de Petrópolis para a prevenção da violência?Você, leitor, pode contribuir com o ICV no planejamento do projeto-piloto Prevenção de Assaltos de Rua, respondendo ao questionário disponível no site www.chegadeviolencia.com.br

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Reunião do Conselho de Políticas Estratégicas


Reunião dia 20 de janeiro de 2009

Pauta
Objetivo:
Listagem de Projetos e atividades Plano de Ação/ICV Biênio 2009-2010, a partir do Relatório das realizações Biênio 2007-2008 previstas no Plano Estratégico/ICV e Análise das respostas/Questionário Projeto-Piloto “Prevenção de assaltos de rua”..

Porcentual das respostas obtidas/Questionário

1) Observação: Denise apresentará esta questão - Sim ou Não

2) Ao entrar ou sair de casa, de carro ou a pé, qual seu comportamento preventivo a um assalto?
Observo o movimento da rua 62%
Não abrir o portão/não entrar/dar voltas 43%
Andar perto dos muros; Suspeito; estranhos; flanelinhas

3) Você já viu algum assalto na frente da sua casa ou edifício?
O que você fez?
Telefonei para o 190 38%
Avisei a portaria/guarda de rua 10%
Olhar fixo para demonstra que estava vendo 10%
Quando viaja suspende jornais e revistas 5%
Os seguranças reagiram 5%
O que você acha que poderia ter feito?
Telefonar 190 24%
Entrar numa loja, num estabelecimento 19%
Mudar de rua/dobrar a esquina 10%
Pegar um táxi 5%
Tirar foto 5%
Acionar alguém para movimentar a portaria 5%

4) Você tem visto desocupados ou suspeitos a espreita de oportunidade de roubo ou assalto? Você abriu a janela para mostrar que há movimento? 38%Você fez barulho ou acendeu luzes? 29%Você deu alguma demonstração de que o(s) viu? 33%

Obs.: É necessária Polícia ostensiva (1)
Fiz questão de parar e deixar que ele continuasse andando. Como estava a pé, mudei de calçada e fiquei esperando que se afastasse, pois estava me dirigindo a garagem, que fica fora do prédio onde moro (1)
Na minha rua, não, na cidade, sim (1)

5) No caso de observar movimento suspeito na rua, a quem você recorreria?
A polícia do bairro/telefone 190 52%Acionar por celular/Alertar o porteiro/segurança 48%
Entrar numa loja, num estabelecimento 24%
Mudar de rua/dobrar a esquina 10%
A primeira pessoa que passasse, mas primeiro tentaria despistá-lo 5%
Não há a quem recorrer 5%
Esperar que se afastasse 5%

6) Você tem sugestões de intervenções que você e seus vizinhos poderiam realizar para inibir um assalto na sua rua?Dar queixa na DP, chamar a BM 43%
Colocar grades/portas eletrônicas/arames nos muros/cercas elétricas/alarme 33%
Segurança 24h: ronda na quadra/na rua/no prédio 29%
Conhecer melhor moradores, transeuntes contumazes e visitantes freqüentes 10%
Trabalhar a solidariedade entre vizinhos 5%
Não se isolar 5%
Gostaria de um plano 5%
Fazer barulho 5%
Demonstrar que está sendo visto 5%
Ações em curto prazo: recolher e manter na cadeia; médio prazo/ educação;
longo prazo: controle de natalidade 5%
Ter iluminação pública melhor 5%Ter polícia ostensiva seria um céu! 5%
Está fora de controle 5%

Relatos de Intervenção Relato de um assalto de rua, esclarecendo o tipo de intervenção que você realizou ou que poderia ter efetivado naquele momento.
Relato 1: - Furto de carteira com dinheiro e documentos dentro do ônibus 436, Jardim IPE. Solicitei ao motorista para parar! Desci e fui interpelar um suspeito (sem sucesso). Fui a Delegacia de Polícia mais próxima fazer a ocorrência. - Furto do carro sem a minha presença. Ao notar que o carro tinha sido roubado fui imediatamente fazer a ocorrência policial (Delegacia) e informei a brigada militar. Obs.: o carro não foi recuperado.

Relato 2: Ouvi tiros e depois soube de ocorrência de morte de um bandido or interferência de um morador que estava armado...
Relato 3: Sim, estava dentro do carro com minha mãe em frente a minha casa quando vi um carro suspeito. Quando sai do carro, encarei os ocupantes do veículo que certamente iria nos abordar e eles deram ré, pararam mais adiante mas como continuei encarando, eles se mandaram.

Relato 4 Sim. Na farmácia ao lado do meu prédio; chamamos a polícia e ao conseguirmos a ligação fomos informados que já estavam a caminho, pois alguém da vizinhança já havia ligado. Essa foi a intervenção possível. Não acho que fosse possível outra intervenção, pois o assalto foi a mão armada. Só ficamos sabendo quando terminou e os funcionários da farmácia saíram a rua gritando. Em prédios fica mais difícil de visualizar esse tipo de situação, ao menos me parece.

Relato 5: Eu estava dirigindo, ainda na rua onde eu moro, às 20h de uma segunda feira, quando ouvi tiros e vi duas pessoas correndo, perseguidas por alguém que gritava e atirava comum revolver. Impactado, meu impulso foi fugir; dobrei na primeira rua...

Relato 6: Nunca presenciei nada, creio que no máximo seria fazer barulho, porém sem me expor, pois nunca se sabe se o meliante está armado

sábado, 17 de janeiro de 2009

Jornalista Wanderley Soares

"A cada tragédia que acontece no trânsito, obrigo-me a observar os delitos que fazem parte da cultura de grande parte dos cidadãos de bem, profissionais ou não, que dirigem seus carros em perímetro urbano e que se ofendem quando são, simplesmente, advertidos por um simples pedestre. Alta velocidade, retornos proibidos, trechos na contramão, avançar faixas de segurança, parar em fila dupla e até tripla, acelerar contra pessoas que atravessam uma rua, desobedecer o sinal vermelho, forçar ultrapassagens. E são essas mesmas pessoas que, em casa, com a família, se sentem chocados com as grandes tragédias."

Vamos refletir sobre o assunto?
Corina BRETON

sábado, 10 de janeiro de 2009

Jornalista Wanderley Soares 11/01/2009

WANDERLEY SOARES

Salva-vidas pedem socorro.

Tanto mais humildes os servidores, tanto menor a
atenção recebem do poder público.

Além dos problemas estruturais das organizações do complexo da segurança pública do RS, cujas soluções não conseguem seguir, satisfatoriamente, o ritmo do crescimento da violência e da criminalidade por responsabilidade maior da política governamental, é difícil de entender como questões menores do simples dia-a-dia dos servidores sofrem adiamentos, curvas, explicações dúbias e coisas outras. As promoções na Polícia Civil é um dos exemplos. Depois de serem anunciadas pelo próprio titular da pasta da Segurança, Edson Goularte, terminaram por adormecer na mesa da governadora Yeda Crusius desde o dia 12 de novembro de 2008. Pelo menos as promoções por antiguidade já deveriam ter sido publicadas no Diário Oficial, já que as por merecimento são as que geram polêmica, pois há a suspeição de protecionismos obscuros.